sábado, 29 de agosto de 2015

Pilates em 12 perguntas.

SAÚDE A atriz Regiane Alves num estúdio de pilates, no Rio. Ela diz que seu corpo ficou mais definido e que a prática melhorou sua postura  (Foto: Daryan Dornelles/ÉPOCA)Mitos e verdades sobre a prática que tem se espalhado pelas academias do país.

A atriz Regiane Alves num estúdio de pilates, no Rio. Ela diz que seu corpo ficou mais definido e que a prática melhorou sua postura (Foto: Daryan Dornelles/ÉPOCA)

Tudo o que Madonna faz vira moda. Com o pilates, isso levou mais de dez anos para acontecer. Na década de 1990, quando Madonna começou a mostrar sua incrível flexibilidade nos palcos, o público perguntava qual era a técnica que garantia à cantora movimentos precisos e coluna impecavelmente reta, mesmo nas posições mais bizarras, como de cabeça para baixo e com as pernas abertas em 180 graus. “É uma mistura de ioga e pilates”, dizia ela.
Os benefícios prometidos pela ioga já eram conhecidos. A curiosidade girava em torno do método criado pelo alemão Joseph Pilates no começo do século passado. Baseado no movimento dos animais e de crianças durante suas brincadeiras, Pilates – ou Papa Joe, como ficou conhecido nos Estados Unidos – criou uma série de exercícios com o objetivo de melhorar a própria saúde. Pilates sofreu de raquitismo e asma na infância. Com isso, chegou à idade adulta com um corpo franzino. Aos 32 anos, depois de adotar o método em si mesmo, passou a exibir um corpo de fazer inveja aos atletas mais bem treinados e a disseminar a prática entre amigos e conhecidos. A técnica envolve o fortalecimento da musculatura do abdome, que ele chamava de power house (ou casa de força, na tradução do inglês). A definição dos músculos, principalmente do abdome, a melhora na postura e o aumento da flexibilidade são alguns dos benefícios propagados pelos praticantes.
Karina Arruda na posição side lying, no aparelho de pilates chamado de barril  (Foto: Rogerio Cassimiro/ÉPOCA)
Antes de começar as aulas de pilates, achava normal tomar remédios constantemente"
KARINA ARRUDA 

Estima-se que existam mais de 8 milhões de alunos de pilates nos Estados Unidos, de acordo com os dados da Sporting Goods Manufacturers Association, entidade que reúne os maiores fabricantes de artigos esportivos. No Brasil, são 8 mil estúdios de pilates e, por ano, surgem mais de 200 novas casas. Os números são baseados nas vendas dos maiores fabricantes de aparelhos no país. 
Sérgio Sacchi no solo na posição chamada teaser  (Foto: Rogerio Cassimiro/ÉPOCA)
Sempre fui grande e sempre gostei de me exercitar. Uma das minhas preocupações era não ficar muito musculoso  "
SÉRGIO SACCHI 
A atriz Regiane Alves, de 33 anos, é adepta dos exercícios há cinco anos. Ela conheceu o método durante uma aula de ioga, quando o professor chamou a atenção para sua postura excessivamente curvada. Animada com os resultados, não parou mais. “Melhorou tudo no meu corpo: a postura, meu alongamento e meus músculos, que ficaram mais definidos.” 
Os alunos de pilates exibem uma série de benefícios objetivos da prática. Mas entre os argumentos dos entusiastas há alguns mitos. Há quem diga que o pilates evita crises de hérnia e faz crescer. O fortalecimento da musculatura do abdome pode diminuir o número de crises de hérnia, dependendo do local da lesão. Mas não há como garantir o fim de crises em qualquer pessoa, tampouco o fim de todas as crises. A reeducação postural pode ajudar alguém a recuperar centímetros que já tinha e estavam escondidos sob uma postura curva. Mas ele não adiciona tamanho à estrutura óssea. Entenda essas e outras questões sobre o pilates. 

 1- Qual a diferença entre pilates e ioga?
Resultado de imagem para Qual a diferença entre pilates e yogaA ioga é uma prática originada na Índia há mais de 5 mil anos. O pilates é uma técnica ocidental de cerca de 100 anos. Conhecida como um estilo de vida que prega a harmonia entre corpo, mente e espírito, a ioga tem um apelo metafísico. “Os exercícios são uma forma de elevação espiritual”, afirma Shakti Leal, coordenadora do espaço Nirvana no Rio. No pilates, equilíbrio e concentração são questões objetivas. Os movimentos de cada exercício são tão complexos, que é quase impossível executá-los sem uma boa dose de concentração. 
2- Pilates é feito no chão ou em aparelhos?Nos dois. Nos aparelhos, as aulas geralmente são individuais. O aluno tem total supervisão do professor. As molas permitem que cada aparelho se adapte ao corpo e à postura do aluno, sem forçar demais nem machucar. Por esses dois motivos, as aulas com equipamentos são mais indicadas a quem tem algum tipo de lesão.

No chão, é possível fazer aulas em grupos maiores, embora os estúdios normalmente evitem lotar suas sessões. Nas academias, esse número pode chegar a 30 praticantes. Apesar de envolver movimentos livres e sem o auxílio de aparelhos, as aulas no chão, afirmam profissionais da área, não são mais difíceis nem exigem mais esforço. Os exercícios de solo e com aparelhos produzem os mesmos resultados.
3- O pilates tem os mesmos efeitos da musculação? Não. Os exercícios do pilates fortalecem, mas não fazem os músculos crescer tanto quanto a musculação. O pilates trabalha mais com a repetição de movimentos e menos com o aumento das cargas. Além disso, as molas usadas nos aparelhos oferecem um tipo de exercício diferente dos executados na musculação. “As molas produzem resistência constante e movimentos precisos”, diz Isabel Sacco, professora de biomecânica da Universidade de São Paulo (USP). “Na musculação, a eficiência do movimento depende do ângulo correto de cada exercício.” Outra diferença é que os exercícios de pilates feitos no chão trabalham vários grupos musculares ao mesmo tempo, enquanto na musculação cada exercício estimula, normalmente, um músculo por vez.

“O pilates me deu um corpo mais definido e menos inchado”, afirma o empresário Sérgio Sacchi, de 44 anos. Depois de descobrir três hérnias de disco, consequência de anos de exercícios sem alongamento adequado, tinha parado com as atividades físicas. Sacchi conheceu o pilates há dez anos. “Foi a alternativa que encontrei para me exercitar, depois dos problemas na coluna.”
4- Pilates cura hérnia e outros problemas na coluna? Não existe cura para hérnia ou outras lesões, mas há meios de atenuá-las e reduzir as dores. Médicos e fisioterapeutas indicam pilates como uma boa opção para quem tem lesões na coluna por causa dos exercícios de baixo impacto, do fortalecimento dos músculos abdominais e da correção de problemas posturais. “Indico a prática a meus pacientes, assim como recomendo a reeducação postural (RPG) e a fisioterapia tradicional”, afirma Jamil Natour, professor de reumatologia da Unifesp.

A designer Karina Arruda, de 42 anos, recorreu ao pilates para cuidar da postura. Depois de sua primeira gravidez, há três anos, Karina começou a sentir dores e descobriu uma hérnia de disco. Por indicação médica, procurou as aulas de pilates e, depois de seis meses, parou com os analgésicos. “Não tomo mais nada”, diz. A dona do estúdio onde Karina treina, Luciana Araújo, diz que muitos alunos chegam por indicação médica.
5- Pilates evita lesões futuras?Não. Para os especialistas, não há como comprovar que o fortalecimento da musculatura do abdome proteja a coluna contra novas lesões. “É uma besteira”, afirma Daniel Feldman, reumatologista da Unifesp. “O fortalecimento desses músculos não evita lesões.”  
  
6- Pilates emagrece?

Não necessariamente. Apesar de alguns exercícios exigirem um grande esforço físico, o objetivo do método não é a perda de peso. Para quem quer emagrecer, atividades aeróbicas são a melhor opção.  

7- Pilates faz crescer?Não. O pilates não acrescenta centímetros mágicos à estrutura óssea de seus praticantes. Mas melhora a postura. Por causa da postura mais ereta, temos a impressão de que crescemos, porque andamos menos curvados. 
8- Quais são as variações do pilates?É um assunto controverso entre os adeptos do método. Ao longo dos anos, os exercícios criados por Pilates foram incorporando novidades e se espalharam pelo mundo. Nas academias, o método ganhou adaptações, como swim pilates (na piscina), jumpilates (que alterna três minutos de pulos com um de pilates), iogilates (pilates e meditação). Os mais puristas afirmam que as variações da técnica criada por Papa Joe não são pilates. Assim, bolas e exercícios na água seriam uma deturpação da prática. “Estão usando o nome de um gênio da forma errada”, afirma Romana Kryzanowska, americana que se considera sucessora de Joseph Pilates. Mas Pilates nunca registrou seu método e Romana não foi sua única discípula.  
 
9- Pilates tem algum perigo? 
Assim como acontece com qualquer exercício, o pilates mal executado pode agravar as lesões de quem procura o método com fins terapêuticos ou mesmo causar novas lesões. “Cuidado com professores que defendam uma coluna completamente reta ou que peçam para o aluno ‘encaixar o quadril’, posição em que o quadril se move para a frente e a curvatura lombar tende a ficar mais reta”, afirma Isabel Sacco. Isabel explica que, ao tentar reverter a curvatura normal da coluna, diminuímos sua capacidade de resistir a cargas e a deixamos mais vulnerável a lesões.  
10- Como saber se a academia de seu bairro é séria?A melhor maneira de se precaver na hora de escolher o estúdio ou a academia é verificar quem são os professores e quantas horas de aulas eles têm em sua formação. As principais instituições que emitem certificados no Brasil são reconhecidas pela Pilates Method Aliance, aliança internacional do método, e exigem um mínimo de 450 horas de aula. Esse número pode ser alterado para 360 horas de aula em cursos de especialização, como previsto pelo MEC. Os dois modelos são confiáveis. “Fuja de professores que tenham um workshop de fim de semana como único treinamento para dar aulas de pilates”, afirma Alice Becker, presidente da Aliança Brasileira de Pilates. 
11- Pilates pode ser praticado por qualquer pessoa? Não. Crianças abaixo de 6 anos ainda não têm estrutura óssea, dos músculos e ligamentos completamente formados. Pessoas com osteoporose grave ou com lesões graves na coluna também não devem praticar. 
12- Existe algum limite para o número de aulas? Assim como na musculação, especialistas recomendam que os músculos descansem por 48 horas. Como no pilates a musculatura do core é sempre exercitada, o ideal é alternar os dias. Isso dá uma média de três vezes por semana.

A RELAÇÃO DE LOLITA COM O PILATES.

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Recentemente, contamos em uma matéria que Lolita San Miguel era a única discípula de Joseph certificada ainda viva e em atividade. Se você perdeu, pode conferir aqui. Hoje, vamos nos aprofundar muito mais na vida dessa lenda viva e saber tudinho sobre a relação dela com Joseph e com o Pilates. Quem conta tudo pra gente, em detalhes, é a Glaucia Adriana, Fisioterapeuta e Coordenadora do curso Lolita’s Legacy no Brasil.
Lolita nasceu na cidade de Nova Iorque, em 1934. Aos três anos de idade se mudou com a família para Porto Rico, cidade natal de seus pais, e foi lá onde teve seu primeiro contato com a dança. Quando questionada da razão pela qual escolheu a dança como profissão, Lolita é enfática em dizer que se dependesse do pai ela jamais entraria nesse mundo, pois ele não aprovaria, mas que foi a mãe que deu todo o apoio para que ela continuasse a correr atrás do sonho em ser bailarina profissional.
Ela voltou a NY com a família quando tinha 11 anos de idade, para que pudesse fazer aulas no curso de verão da School American Ballet, mas o pai faleceu quatro dias após chegarem à cidade, e a mãe decidiu ficar de vez em NY, cidade onde Lolita se profissionalizou e se formou em dança. Ao longo da juventude, Lolita fez parte de renomadas companhias de dança, que faziam tour por todo o País. Sobre essa época, Lolita descreve como ter sido “uma época mágica”, mesmo que tivesse que ficar mais de 48 semanas viajando de ônibus por todo o país. Antes mesmo de Lolita conhecer o Método Pilates, seu caminho e o de Joseph se cruzaram muitos anos antes do primeiro encontro, mesmo que indiretamente.
Foi dançando no Ballet de Robert Joffrey e Ben Harkarvry que ela começou a frequentar Jacob’s Pillow, na cidade de Lenox, Massachusetts. Esse local se tornou conhecido pois era onde Joseph Pilates costumava dar aulas durante o verão, local o qual vemos em grande parte dos seus vídeos históricos. Lolita entrou para o renomado Ballet Opera do Metropolitan no ano de 1954 ainda na cidade de NY. Foi nesse período em que dançava no Metropolitan, que ela sofreu uma lesão no joelho, e ao procurar um renomado médico ortopedista do Hospital Lenox Hill, ele recomendou que ela fizesse bastante reforço muscular. Descartou a cirurgia, mas foi claro em indicar que Lolita procurasse Carola Trier, que havia sido treinada por Joseph Pilates, e tinha um estúdio de Pilates renomado na cidade.
Esse foi o primeiro contato de Lolita com o Método Pilates, no ano de 1958. Carola foi a primeira discípula de Joseph Pilates a abrir seu próprio estúdio em NY, seus equipamentos tinham sido todos feitos pelo próprio Joseph e ela tinha duas assistentes: Romana Kryzanowska e Kathy Grant. Cerca de um mês fazendo aulas, Lolita voltou a dançar, mas se tornou cliente assídua do Método desde então. Em 1965 Lolita entrou para o programa de transição de carreiras para bailarinos, sob a chancela da Universidade de Nova York, e cerca de seis meses depois foi certificada por Carola, sendo a única pessoa que foi oficialmente certificada por ela.
O encontro com Joseph
Lolita relata que um belo dia, conversando com uma das assistentes de Carola, Kathy Grant, ela finalmente descobriu que Joseph ainda estava vivo, e que tinha seu próprio estúdio, poucas ruas acima do estúdio de Carola. Para a surpresa de muitos, Carola não falava a ninguém sobre a existência de Joseph, para as pessoas que frequentavam seu estúdio, era subentendido que ele já havia morrido. Lolita e Kathy, decidiram ir ao estúdio de Joseph, e foi então que pediram para que ele as certificasse em seu Método, também sob chancela da Univerdade de Nova York, no programa de transição de carreira para bailarinos. Joseph já estava perto dos 80 anos de idade, e Lolita o descreve como um homem “forte, com cabelos brancos, roupas justíssimas, com um forte sotaque alemão”, já sua esposa, Clara, Lolita descreve como sendo uma pessoa “amável, muito atenciosa, e que tinha muito mais paciência com os clientes do que Joseph”.
Quando Joseph subitamente perdia a paciência com algum aluno e saia do estúdio reclamando, Clara imediatamente entrava em cena, acalmando a pessoa, e fazendo com que ela não ficasse frustrada em não conseguir fazer esse ou aquele movimento como Joseph exigia. Lolita frequentou o estúdio de Joseph regularmente por mais de um ano, onde fazia aulas, observava, e realizava assistência no atendimento aos clientes. Ela recebeu sua certificação das mãos de Joseph em 2 de fevereiro de 1967, no mesmo ano em que ele faleceu. Sendo assim, ela e Kathy Grant foram as únicas pessoas a serem oficialmente certificadas por Joseph Pilates desde então.
Após voltar para Porto Rico em 1977, Lolita fundou o renomado Ballet Concerto de Puerto Rico, e mais tarde fundaria o estúdio Pilates Y Más. Todos os dançarinos que frequentavam suas aulas de Ballet praticavam Pilates como parte de seu treinamento. Após o processo jurídico na corte de NY que estabeleceu que Pilates era um nome genérico, e não uma marca registrada, Lolita foi convidada para Miami por Kevin Bowen, então fundador e presidente da Pilates Method Alliance.
Além dela, estavam presentes nesse primeiro encontro, Kathy Grant, Ron Flecther e Mary Bowen, e foi ali que surgiu pela primeira vez o termo “Pilates Elders”, como são chamados os instrutores de Pilates de primeira geração, que foram treinados diretamente por Joseph Pilates. Em 2005, Lolita se aposentou como diretora artística do Ballet Concerto, e desde então vem se dedicando exclusivamente em difundir e ensinar o Método Pilates mundo a fora. Desde 2009 Lolita iniciou um programa de mentoria para instrutores já certificados em Pilates, e em 2012 foi oficialmente criado o curso Lolita’s Legacy Teacher Training Certification, que tem como objetivo ensinar todo o legado de Lolita para as futuras gerações de instrutores. Um de seus maiores sonhos foi realizado em 2009, primeiro ano em que ela organizou a conferência internacional de Pilates na cidade natal de Joseph, Monchengladbach, Alemanha.
Em 2011, com a ajuda de vários alunos e profissionais do Método, ela conseguiu erguer uma placa em homenagem a Joseph, em frente ao local que antes era a casa onde ele nasceu. Esse evento ocorre de dois em dois anos, e o próximo acontecerá em 2017. Por ter contato muito próximo com ela, posso afirmar que não conheço até hoje uma pessoa que tenha a mesma energia que Lolita, mesmo perto de completar 81 anos de idade. Sua rotina diária consiste em acordar, fazer aula de Pilates em seu estúdio, dentro da sua casa, e somente a partir daí o seu dia começa oficialmente. Ela diz que o movimento a faz viver com todo esse vigor, que o Pilates é uma escolha para a vida, que nos faz mudar quem somos, por dentro e por fora, bastando para isso incorporar todos os princípios inerentes do Método. Não tenho dúvidas de que Lolita é uma verdadeira lenda viva, que roda o mundo demonstrando sua paixão e seu amor pelo Método, e acima de tudo: o seu respeito por Joseph.
Quer conhecer de perto o trabalho da discípula de Joseph? Esta pode ser a sua última chance! Em maio do ano que vem ela vem ao Brasil para participar do Pilates’ Legend, evento que está sendo organizado pela Voll Pilates, uma das maiores escolas de formação em Pilates do Brasil, e co-organizado pela Metalife Pilates, líder nacional na fabricação de equipamentos de Pilates e marca escolhida pela Lolita para ministrar os cursos no País.
As primeiras vagas esgotaram-se rapidamente! Mas como a procura ainda era grande, acaba de ser aberta uma turma especial, com apenas 60 vagas disponíveis. Ficou animado com a notícia? Então corre aqui no site do evento para garantir a sua vaga!
Glaucia Adriana é Fisioterapeuta, instrutora de segunda geração* do Método Pilates e Coordenadora do curso Lolita’s Legacy no Brasil.
*A Fisioterapeuta foi a primeira brasileira convidada para participar do Master Mentor Program com Lolita San Miguel e, desde 2010, vem sendo treinada diretamente por ela, se tornando assim instrutora de segunda geração do Método Pilates no País e responsável por passar o legado de Lolita San Miguel e Joseph Pilates às futuras gerações. O treinamento acontece a cada três meses no estado da Florida e também no Norte da California, EUA.

PODEMOS SER CRIATIVOS NO PILATES?

Nós sabemos que existe um repertório original dos exercícios que são ou pelo menos deveriam ser respeitados pelos professores de Pilates, mas em algumas formações contemporâneas e reconhecidas internacionalmente, eles sofreram algumas mudanças. Mudanças essas, que são compreendidas diante da própria base do Pilates e fundamentos que foram respeitados pelo simples fato de manter a segurança e a eficiência dos movimentos.

Não sou contra criar exercícios que “não existem” no repertório de Pilates, pelo contrário, já criei muitos, mas prefiro me julgar sendo a favor de “criações possíveis” para qualquer tipo de cliente praticar, ainda mais sabendo que na prática de Pilates não existe contraindicações. Não é isso que todos os estúdios “vendem”?

Por muitas vezes, me deparo com alunos mostrando em seus celulares dizendo para nós professores: ‘’quero fazer esse exercício!’’. Aparentemente, pela imagem ou vídeo, parece lindo e perfeito, mas pela nossa surpresa, aquele foi mais um exercício criado com a base do professor e com o que ele tinha disponível na sala de aula. Ao mesmo tempo, penso que talvez ele tenha esquecido de estudar sua própria “criação”, antes de ensinar para alguém.

Minha sugestão para criarmos exercícios de solo, com ou sem acessórios, ou até mesmo nos equipamentos, é fazer você responder essas perguntas:
Em seu exercício criado…

Os princípios estão presentes?A posição inicial está bem definida?A respiração está coerente em cada movimento do exercício?A especificidade muscular também está clara para o praticante?Existe total segurança durante a execução do exercício?A indicação é para qualquer cliente?Caso o praticante não consiga executar, você também criou modificações?Estão claros, quais serão os possíveis erros e correções que o professor deverá fazer nesse exercício?

Ainda não sei qual sua opinião, mas diante desses pontos, acredito que se para todas essas perguntas sua resposta foi sim… Então, sim, esse exercício que você criou pode ser adaptado ao repertório do Pilates! Mas não esqueça, PRATIQUE PILATES CONSCIENTE!

sábado, 22 de agosto de 2015

O pilates na vida do corredor.

O fortalecimento muscular é de fundamental importância para os atletas de endurance, é também importante para corrigir desequilíbrios e prevenir lesões. Estabilidade e força são dois ícones de uma corrida mais eficiente.

O Pilates é uma das soluções que pode ser explorada na sua planilha de treino, pois é um método eficiente de criar resistência muscular, fortalece a musculatura, trabalha força, flexibilidade e resistência de forma simultânea. São diversos grupos musculares trabalhando simultaneamente, em conjunto ou em oposição.

O método se concentra em ativar seu centro de força (Power House) para promover uma maior estabilidade.  Há uma melhora na mobilidade articular, flexibilidade, respiração, concentração e consciência. Um controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo traz uma maneira mais eficiente de se movimentar, aumentando a resistência e qualidade do movimento. É possível correr por mais tempo com menor desgaste físico e maior economia de energia.

O Pilates enfatiza muito a concentração e a respiração, a capacidade do ar é potencializada. Você acaba economizando energia e a aplica nas horas certas, pois a respiração está intimamente ligada a cadencia dos movimentos, adquirindo um alto nível de controle físico e mental. Mente e corpo são trabalhados ao mesmo tempo, aumentando o bem-estar físico. A atividade traz benefícios na prática da corrida pois ajuda os corredores a alcançarem suas metas cada vez mais rápido, de maneira mais eficiente e sem lesões.

Eu sou triatleta, ultramaratonista e atuo como personal trainer e instrutora de Pilates.  Tenho aplicado com sucesso as práticas do método Pilates durante a minha preparação para melhorar o desempenho nas provas e direciono o mesmo trabalho aos meus alunos para maximizar os resultados esportivos de cada um. Sempre obtenho uma resposta significativa no equilíbrio e harmonia postural, além do aumento da capacidade respiratória, fortalecimento de toda a musculatura e consciência corporal.

Ft. Rogério Bernardo

terça-feira, 18 de agosto de 2015

POSSIBILIDADES DE EXERCÍCIOS COM O MAGIC CIRCLE

O Magic Circle é um acessório clássico do método Pilates. Joseph Pilates o inventou visando a acessibilidade do método a todos, em suas casas, no parque ou no campo.
Dos acessórios originais, é o único ainda fabricado em larga escala e muito utilizado nas aulas. Se tornou popular no mundo fitness e hoje é utilizado não só em estúdios de Pilates, mas também em academias, clínicas de reabilitação e personal trainers.
Hoje é dia de explorar as infinitas possibilidades de utilização do Magic Circle no estúdio de Pilates!
Vamos ver?
QUADRÚPEDE DISSOCIATIONtrnva38fr
CRISS CROSS
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ROLL BACK
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TEASER
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STANDING FOOTWORK
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PUSH UP PREP
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SIDE BEND
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Vocês estão convidados a explorar a criatividade com o Magic Circle!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

NÃO ESQUEÇA QUEM TE AMA, PRATIQUE PILATES!

qu2fbt9Muitas pessoas desconhecem todos os benefícios do método Pilates. A prática faz bem para o corpo e para a mente e, acredite, pode ajudar muito quem sofre do Mal de Alzheimer. Para isso, é necessário ter o apoio da família e de um bom profissional de Pilates. Colocar o corpo em ação é positivo, não só para os pacientes, mas para toda a família.
Neurologistas do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, alertam para a doença de causa desconhecida que atinge 5 % da população com mais de 65 anos. Após os 80, a prevalência da doença é de 15%. No Brasil, estima-se que 700 mil pessoas sofrem com o mal.
O Mal de Alzheimer é uma doença degenerativa incurável. Felizmente, existem muitos tratamentos que podem ser aplicados para a melhora dos sintomas ou até mesmo retardar alguns deles, como é o caso do Pilates.
Normalmente a doença atinge não só o cérebro, mas também a parte muscular, trazendo rigidez aos músculos, causando a perda das coordenações motoras finas e grossas. O Pilates por ser um exercício sem impacto, ajuda as pessoas com esse mal e relaxa a musculatura, já que trabalha o alongamento e o fortalecimento dos músculos.
Quanto à parte mental, o Pilates ajuda no desenvolvimento da memória por meio das repetições dos exercícios, respiração e concentração na atividade.
A doença é dolorosa para todos os envolvidos, por isso é interessante que a família acompanhe o idoso no trabalho a ser realizado e faça parte das aulas de Pilates, até mesmo praticando junto. Essa é a melhor forma da família comprovar a evolução no alongamento e fortalecimento dos músculos e coordenação motora. O desenvolvimento é um processo contínuo, não deixe que a pessoa que você ama esqueça das coisas, ajude-a e incentive-a a melhorar e se sentir melhor consigo mesma.

A Intervenção do Water Pilates em um paciente em quadro fibromiálgico - estudo de caso

Resultado de imagem para fibromialgia walter pilates



A Intervenção do Water Pilates em um paciente em quadro fibromiálgico - estudo de caso








ESTEFÂNIA GOMES LUNA - UNIPAC Barbacena, estefaniagluna@hotmail.comRua Mato Grosso n° 109, Bairro Andaraí, Barbacena, MG CEP 36204-006  (GRADUADA)
MANAÍRA SATIL SILVA - UNIPAC Barbacenamanairasatil@hotmail.com , Rua Coronel Tamarindo n° 170, Bairro Centro, São João Del-rei, MG, CEP 36300-012 (GRADUANDA)
CAROLINA GABRIELA SILVA DE PAULA - UNIPAC Barbacena, cgabrielasp@yahoo.com.brRua XV de novembro n°12, apto 1001, Bairro Centro, Barbacena, MG, CEP 36200-074 (GRADUADA)
RAQUEL PIMENTA DE OLIVEIRA – UCP, raquelbqpimenta@hotmail.com, Rua Francisco Sales, n°154, Bairro Boa morte, Barbacena, MG(COLABORADORA)

DATAS: última revisão 25/01/2009, envio para publicação 27/01/2010

Resumo


A Fibromialgia (FM) é uma síndrome crônica caracterizada pela presença de pontos dolorosos em regiões anatomicamente determinadas e queixas dolorosas músculo-esqueléticas difusas, de etiologia ainda não esclarecida e provavelmente de natureza multifatorial, sem componente inflamatório. O objetivo deste estudo é verificar os benefícios na funcionalidade e qualidade de vida de uma paciente com FM tratada com Water Pilates. O trabalho é do tipo estudo de caso com a participação de um indivíduo do gênero feminino. Foram aplicados os questionários FIQ, SF-36, Beck de depressão e uso da escala analógica de dor a fim de verificar tal quesito. O estudo também identificou uma diminuição no nível de depressão avaliada pela escala de Beck. A qualidade de vida avaliada pela FIQ e SF-36 apresentou melhoras após a intervenção e a funcionalidade avaliada pela HAQ se manteve. O parâmetro funcional da escala FIQ e SF-36 também demonstraram melhora significativa. Conclui-se eficiência na funcionalidade e na qualidade de vida da paciente.


PALAVRAS-CHAVESFibromialgia, pilates, dor, hidroterapia.

Introdução

As primeiras considerações acerca da fibromialgia (FM) datam de 150 anos aproximadamente (MOREIRA et al 2001 a). Pacientes com reumatismo apresentavam pontos endurecidos em seus músculos, os quais eram dolorosos à pressão (MOREIRA et al 2001 b). Gowers reconheceu que havia diferença entre “dor espontânea” e “sensibilidade”, observando que os pontos sensíveis permaneciam assintomáticos e só produziam dor ou desconforto quando ocorria uma contração muscular ou quando tocados, observou também que não havia inflamação local e alteração sistêmica e relacionou como parte do quadro a presença de distúrbio do sono e fadiga (MOREIRA et al 2001 b, BATES et al 1998).
Em meados da década de 1970, estudos de Snythe e Moldofsky descreveram certas localizações anatômicas, denominadas “tender points”, a partir daí foi colocado o conceito corrente de fibromialgia. Em meados de 1980 caracterizou-se como sendo causada por um mecanismo de sensibilização do Sistema Nervoso Central (SNC) à dor. (MOREIRA et al 2001 b, PROVENZA et al 2004)
A síndrome da fibromialgia (SFM) não apresenta componente inflamatório e é classificada como primária, quando não houver outra moléstia subjacente e secundária ocorrendo em pacientes com distúrbios não reumatológicos preexistentes ou reumatológicos. (WEINSTEIN 2000).
A Fibromialgia é uma síndrome crônica caracterizada pela presença de pontos dolorosos em regiões anatomicamente bem determinadas e por queixas dolorosas músculo-esqueléticas difusas e de etiologia ainda não esclarecida e provavelmente de natureza multifatorial (COSTA 2005, WEIDEBACH 2002).
Acredita-se que a FM é um distúrbio nos mecanismos serotonérgicos de modulação da dor, apresentando maior dificuldade no diagnóstico diferencial. Em 1990 o American College of Rheumatology criou dois critérios para a classificação da FM: dor generalizada nos quatro quadrantes do corpo e dor a palpação digital em 11 dos 18 pontos (LIANZA 1995).
Na população geral sua prevalência é de aproximadamente 2%, podendo ocorrer também na infância e na terceira idade, tendo a maior prevalência entre 30 e 50 anos obtendo uma proporção entre mulheres e homens aproximada de 6 a 10:1 (PROVENZA et al 2004).
O seu mecanismo gerador pode ser explicado por um processamento em nível espinhal da dor alterado, onde o mecanismo de geração da dor não-nociceptiva possa ser a base fisiopatológica para a ocorrência de tal fenômeno, definida como dor resultante da estimulação de neurônios não relacionado com a dor, sendo que no nível molecular, no processo de sensibilização central tem um papel crucial de neuropeptídeos (substância P) e aminoácidos (RIBEIRO et all2005).
Pacientes com FM podem apresentar ansiedade, síndrome do pânico, fadiga, desatenção, déficit de memória, distúrbios funcionais da articulação temporo mandibular obstipação ou diarréia (compatíveis com síndrome do cólon irritável), boca seca, estados depressivos, cefaléia tensional ou enxaqueca, sendo que a característica mais frequente e a presença de distúrbio do sono, bruxismo e sono não-reparador (WEINSTEIN 2000, JACOMINI et al 2007).
Outro fator característico é a atrofia das fibras musculares do tipo II e aspecto de “ruído de tranças” das fibras musculares do tipo I, além de fibras vermelhas desiguais e irregulares apresentados na biópsias, musculares e necrose muscular, relatada pelo elétron-microscopia. O estresse muscular crônico ou hipóxia crônica pode ser a causa de uma lesão subclínica no músculo, além disso, apresentam redução da oxigenação e metabolismo energético anormal nos pontos sensíveis da musculatura (WEINSTEIN 2000).
Estudos realizados por COSTA et al. (COSTA et all 2005)  mostrou que a fadiga muscular foi um sintoma muito frequente, encontrado em 94,2%, 39,2% de depressão e 100% de dor difusa.
Tratamento farmacológico tem como base a indução de um sono de melhor qualidade, através de ingestão de medicações como ametriprina ou ciclobenzoprina, inibidores de recaptação de serotonina, como sertralina ou fluoxetina; outros medicamentos como analgésicos e relaxantes musculares podem ser usados para alívio dos sintomas (WEIDEBACH 2002).
Um tratamento amplo e multidisciplinar se faz necessário na FM, onde tratamento medicamentoso isolado para controle dos sintomas e melhora da qualidade de vida não tem sido suficientes. Outra terapia como cognitivo-comportamental, massoterapia, acupuntura, biofeedback, eletroterapia, hidroterapia, exercícios aeróbicos, alongamentos musculares, talassoterapia, balneoterapia são modalidades terapêuticas aplicadas (BRESSAN L. R. et a 2008l, ANDRADE S.C.et al. 2008).
A fisioterapia aquática fornece benefícios a curto e longo prazo acrescido do exercício ativo regular, proporciona relaxamento muscular, redução de espasmos musculares e da sensibilidade à dor, aumento da facilidade do movimento articular, da força, da resistência muscular em casos de fraqueza excessiva e da circulação periférica, melhora da moral, da confiança do paciente, da musculatura respiratória, da consciência corporal, do equilíbrio e estabilidade de tronco (BATES et al. 1998, DIAS et al. 2003).
Joseph H. Pilates nasceu em 1880 na Alemanha, próximo de Dusseldorf. Foi uma criança que sofria de asma, raquitismo e febre reumática; e por isso propôs superar suas limitações, dedicando-se a vida toda a se tornar fisicamente forte; tornou-se especialista em mergulho, esqui, cultura física e ginástica (GALLAGHER et al. 2000).
O método de Pilates combina calma, concentração de si mesmo como um todo, alongamento, flexibilidade além de enfatizar o movimento, tônus muscular e a força. O método Pilates e o condicionamento físico apresentam seis princípios básicos: concentração, o controle de centro (abdomem), o auto controle com dissociação de músculos, movimento fluído, precisão e respiração (GALLAGHER et a.l 2000, WILLIAMS et al. 2005).
Os conceitos da estabilidade do power house (ou centro de força, que no Pilates é a parte mais importante do corpo, corresponde a área entre a base da sua caixa torácica e a linha que vai de um quadril ao outro) baseados no método pilates, são levados para a água na reabilitação e no treinamento na década de 90, tendo como objetivos os movimentos fundamentais, permitindo que o corpo integre a pelve, o tronco e a cintura escapular durante a execução do movimento, a partir da estabilidade do complexo lombar pélvico (STEINMAN et a.l 2006). Além de proporcionar ao paciente a dissociação de movimentos, o que consiste em movimentar músculos individualmente sem compensações e a conseqüência disso é o relaxamento muscular de áreas que não deveriam ser acionadas enquanto se faz determinado movimento, esse relaxamento diminui consideravelmente as tensões musculares.( GALLAGHER ET al. 2000)
O water pilates trás vários benefícios como estimular a circulação, diminuição da tensão e fadiga, aumento da densidade óssea, alonga e dá flexibilidade, melhora a postura, eleva a capacidade de contração muscular, melhora a amplitude de movimento, entre outros; tais benefícios previnem riscos de uma fratura e alívio de dores crônicas, além de trazer relaxamento muscular e diversão através de exercícios desafiantes mas fáceis de executar (GALLAGHER et al. 2000,STEINMAN et al. 2006).
Objetivo deste estudo é verificar os benefícios na funcionalidade e qualidade de vida de uma paciente com FM tratada com Pilates na água.

Manteriais e métodos:

O trabalho é do tipo estudo de caso com a participação de um indivíduo do gênero feminino. O experimento foi conduzido na Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), no período de agosto e setembro de 2008, realizado em piscina hidroterapêutica coberta e aquecida, com dimensão de oito metros de comprimento por cinco de largura, com 1,4 de profundidade e 1,6 de lâmina, da Clínica Escola Vera Tamm de Andrade na cidade de Antônio Carlos no estado de Minas Gerais, Brasil.

Amostra
O paciente estava sob acompanhamento médico, com tratamento medicamentoso individualizado. Para inclusão da amostra a pessoa tinha que ter o diagnóstico do médico de FM e, exames que comprovassem e excluíssem qualquer hipótese de outro diagnóstico ao de Fibromialgia. A paciente apresenta 40 anos, bom nível cognitivo e sem problemas psiquiátricos graves. A cliente assinou um termo de consentimento livre e esclarecido.

Intrumentos
A avaliação da cliente foi realizada através de entrevista a qual obteve-se dados pessoais e clínicos. Foi utilizado para avaliar a qualidade de vida de uma forma global, o Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ) adaptada em versão portuguesa, que é um instrumento cuja estrutura baseia-se a premissa que deveria conter os seguintes componentes: avaliação física, psicológica, social e de bem-estar. O primeiro item avalia primariamente a habilidade do paciente em executar tarefas motoras. Ele contém 10 subitens. O escore dessa primeira parte é realizado através da média aritmética dos subitens respondidos. As respostas recebem valores de 0 a 3 (0 = sempre capaz de realizar e 3 = nunca capaz de realizar). Nos dois próximos itens a paciente deveria apontar quantos dias na última semana sentiu-se bem e quantos dias faltou ao serviço. Os sete últimos itens são os seguintes: habilidade para o trabalho, dor, fadiga, cansaço matinal, rigidez, ansiedade e depressão. Todos eles são medidos por uma escala numérica de 0 a 10 (0 = o melhor possível e 10 = o pior possível). No cálculo final os escores dos três itens iniciais variaram de 0 a 10. Assim o instrumento tem seu escore total variando de 0 a 100 (0 = melhor índice e 100 = pior índice). (MARTINEZ et al. 1998)
A capacidade física foi avaliada pelo “Health Assessment Questionnaire” (HAQ), ANEXO III. Foi utilizada a tradução para o português do HAQ já publicado na literatura. Esse instrumento avalia a capacidade de os pacientes realizarem tarefas relacionadas a oito tipos de atividades do dia a dia, ou seja, vestir-se, levantar-se, comer, caminhar, higiene, alcançar, preensão e outras. Cada uma dessas atividades é representada por duas ou mais questões. O escore de cada questão varia de 0 a 3 (0 = sem dificuldade para executar a tarefa e 3 = impossível executar a tarefa. O índice é calculado pela média dos escores dos 8 componentes. (MARTINEZ et al. 1998)
Foi utilizado o questionário de Beck de Depressão (BDS), ANEXO IV, que consta de 21 perguntas que questionam sobre tristeza, cansaço, capacidade de decisão, punição, suicídio, atividade sexual, sono, trabalho, apetite, entres outros. Um escore menor que 10 significa sem depressão ou depressão mínima, de 10 a18 depressão de leve a moderada; de 19 a 29 de moderada a grave, de 30 a 63 grave. (GORESTEIN et al. 2001)
A Escala Analógica de Dor foi realizada sem a palpação dos tender points, sendo apenas verbalizadas o grau de 0 a 10, sendo 0 ausência dos sintomas e 10 pior sintoma possível.
A qualidade de vida foi avaliada também com a SF-36, ANEXO V, a mesma avalia a capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, limitações por aspectos emocionais e saúde mental. Ocorre a transformação do valor das questões anteriores em notas de 8 domínios que variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 = pior e 100 = melhor para cada domínio. (MARTINEZ et al. 1998)
Foi utilizado no tratamento instrumentos como flutuadores (aquatubo 5, 2 halteres de tamanho médio da marca Hoorn, pranchas), step, bolas isotreching, bolas menores, música suaves com baixa intensidade como Solaris e Kenny Di no som da marca SONY e fotos retiradas de uma máquina digital da marca SUNFIRE.

Procedimentos
As escalas foram aplicadas na primeira sessão e na última sessão, previamente a qualquer intervenção fisioterapêutica e hidroterapêutica. O indivíduo foi entrevistado obtendo-se dados pessoais e clínicos.
No total foram realizadas 10 sessões, com duração de 45 minutos cada, três vezes por semana, com a temperatura média da água de 33,4ºC. Em cada sessão manteve-se as técnicas específicas da primeira a última sessão sem alterações.
Foi realizado para aquecimento caminhadas com duas voltas na piscina. A técnica de Water Pilates com vinte repetições de cada exercício constou de: Twister (FOTO I); Arm Series com carga.
(anexar foto I)
Em flutuação, flexão e extensão dos quadris e joelhos em rotação externa dos quadris e flexão plantar dos tornozelos (FOTO II)
(anexar foto II)
Inclinação lateral de tronco realizando circundação de membros inferiores no sentido horário e anti-horário (FOTO III).
(anexar foto III)
Outros exercícios utilizados foram: em flutuação, flexão e extensão alternada dos quadris ; flexão e extensão dos quadris e joelhos em direção cruzada ao peito; flexão e rotação lateral do tronco com bola (STEINMAN 2006). No final do tratamento para relaxamento e flexibilidade foram realizados alongamentos ativos de peitoral, isquiotibiais, tríceps sural, quadríceps femoral (3 séries de 30 segundos cada) (POWERS et al. 2000) e relaxamento muscular com procedimentos massoterapêuticos, com bolas menores.

Análise estatística
Foi utilizado o teste t-student pareado com nível de significância de 5% para análise dos resultados da escala de qualidade de vida SF-36 e análise descritiva dos outros dados.

 

Resultados


De acordo com a análise da capacidade funcional avaliada pelo questionário de HAQ foi observado um escore antes e após o tratamento de 0,25.
Na análise do questionário de fibromialgia (FIQ-P) identificou-se no pré – tratamento um escore de 0,50 para a capacidade funcional evoluindo no pós-tratamento para 0,10. Os dados referentes aos dias em que a paciente sentiu-se bem, quantos dias faltou o serviço, habilidade para o trabalho, dor, fadiga, cansaço matinal, rigidez, ansiedade e depressão diminuindo de 41 para 33. O escore total obtido foi de 41,5 para 33,1, como observado no GRÁFICO I.
(Anexar questionário FIQ - P, gráfico I)
GRÁFICO I: Avaliação da qualidade de vida pela FIQ, no eixo Y estão os resulatados, e no eixo X os parâmetros da capacidade funcional (CF), dados da última semana (DUS) interferência da fibromialgia (IF) e escore total (ET).

                O questionário de Beck de depressão anterior ao tratamento apresentou um escore de 19 e posterior ao tratamento um escore de 11, GRÁFICO II.
(Anexar questionário Beck de depressão, gráfico II)

GRÁFICO II: Avaliação da depressão antes e após o tratamento, no eixo Y estão os escores e no eixo X, a evolução do critério de depressão no tratamento.

A escala visual analógica de dor aplicada antes da intervenção apresentou um nível de dor igual a 8 e após a intervenção um nível de dor foi para 0. Para a análise desta escala não foi palpado os tender points.
A escala de qualidade de vida SF-36, pré e pós-intervenção respectivamente apresentaram as seguintes porcentagens nos parâmetros analisados pela escala: A capacidade funcional passou de 55% para 85%, a limitação por aspectos físicos passou de 75% para 100%, o índice de dor melhorou de 41% para 62%, o estado geral de saúde de 47% para 67%, a vitalidade de 40% para 80%, os aspectos sociais de 62,5% para 87,5%, a limitação por aspectos emocionais de 33,3% para 100% e a saúde mental de 60% para 92%, como representado no GRÁFICO III.
(Anexar questionário de qualidade de vida SF-36, questionário III))

GRÁFICO III: Avaliação da qualidade de vida pela SF-36, no eixo Y estão os escores, e no eixo X os parâmetros capacidade funcional (CF), limitação por aspectos físicos (LAF), dor (D), estado geral de saúde (EGS), vitalidade (V), aspectos sociais (AS), limitação por aspectos emocionais (LAE), saúde mental (SM).

A análise estatística das médias da escala SF-36 pelo teste t-student pareado demonstrou um t-calculado de 6,01 e um t-tabelado de 2,36 em 7 graus de liberdade e 5% de significância.

Discussão

A análise do índice de dor antes e após Water pilates identificou uma diminuição significativa de 8 para 0 de dor. Isto corrobora com Dias et al. (DIAS et al.2003) que também identificou uma melhora de 100% no nível da dor dos pacientes tratados com hidroterapia. Estes dados estão diretamente relacionados com o estado psicológico da paciente, cujo estudo também identificou uma diminuição no nível de depressão avaliada pela escala de Beck (BDS), o qual antes do tratamento apresentou um escore de 19 e após tratamento um escore de 11. O trabalho de Martinez (MARTINEZet al.1998) considera valores de BDS acima de 13 como depressão.
O estudo de Gimenes  (GIMENES at alii. 2006), também identificou uma diminuição significativa do nível de depressão após a utilização de watsu no tratamento de fibromialgia.
Estudos como Berbe ( BERBER et al. 2005) tem demonstrado que existe correlação entre o nível de depressão, a dor e a qualidade de vida. Isto está de acordo com o presente estudo, onde os menores níveis de dor e depressão estão relacionados com a melhora da qualidade de vida avaliada pela escala de SF-36 e pela FIQ.
Beressan (BRESSAN et al. 20080, demonstram melhora do sono e da rigidez dos pacientes através do tratamento fisioterapêutico, especialmente por meio de alongamentos musculares. Neste estudo o questionário FIQ apresentou melhora no que se refere aos dados de rigidez e disposição ao acordar.
A análise estatística da qualidade de vida avaliada pelo teste t-student pareado da qualidade de vida mensurada pela SF-36 identificou melhora significativa, pois o t-calculado de 6,01 é maior que o t-tabelado de 2,36 e 5% de significância. Estes dados estão de acordo com os escores avaliados também pela escala FIQ onde foi observado melhora da qualidade de vida da paciente em todos os parâmetros. Isto está de acordo com Sabbag (SABBAG et al. 2007), que afirma que pacientes com FM apresentaram melhora na qualidade de vida, capacidade funcional e da dor ao serem submetidos a um programa de condicionamento físico supervisionado.
A melhora da capacidade funcional está diretamente relacionada com a qualidade de vida, onde a possibilidade da paciente realizar mais AVD’s, possibilita maior convívio social, desempenho físico, ânimo e alegria ao realizar suas atividades do dia-a-dia. Isto não foi evidenciado no HAQ onde o escore se manteve já na FIQ o parâmetro de capacidade funcional passou de 0,50 para 0,10. O trabalho de Valin (VALIM, 2006) evidenciou que a atividade física aeróbica deve ser descrita para pacientes com FM, com exceção de alguma contra-indicação. Sendo que o treino aeróbico provoca mudanças neuroendócrinas necessárias para a melhora do humor, com aumento de serotonina e norepinefrina.
Foi declarado pela cliente que o tender point do epicôndilo lateral era o mais doloroso, o que é conivente com o estudo de Perea (PEREA, 2003), que observou através de vários estudos a presença deste sinal em grande parte pacientes com FM.



Conclusão

No presente estudo conclui-se que ocorreram efeitos benéficos para tratamento da FM utilizando técnicas dePilates na água. Desta forma, o Water Pilates foi eficaz na melhora funcional e da qualidade de vida da paciente, verificada através dos questionários antes e após a intervenção. Percebe-se que a fibromialgia precisa de cuidados principalmente no quesito depressão, além de divertir-se na água o water pilates trouxe força muscular e desenvoltura para que nossa paciente pudesse ter maior funcionalidade. O tratamento proporcionou bem estar e tivemos a oportunidade de preparar seus músculos e alinhamento corporal, sem sobrecargas e sem desanimá-la, pois na água os exercícios ficam mais fáceis.
Vale ressaltar a necessidade de mais estudos nesta área utilizando uma amostra maior para possibilitar melhor inferência destes resultados para toda a população com FM.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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